HORAS TRABALHADAS OU METAS CUMPRIDAS?

8 horas por dia, 40 horas semanais, 168 horas mensais ou 2016 horas por ano, quem nunca ouviu estes números “mágicos” ligados a realização de tarefas ou cobranças de trabalho?

Vincular produtividade a horas realizadas ainda é uma prática muito realizada pela maioria das empresas brasileiras, dos mais variados ramos de atuação, porém, há áreas específicas onde esta cobrança horária não funciona mais e apenas os teimosos ainda insistem em controlar horas fazendo de conta que controlam produtividade.

As áreas onde os profissionais trabalham com criação, inovação, pesquisas, resolução de problemas e trabalhos intelectuais o número de horas trabalhadas por dia, mês ou ano não fazem mais sentido, e controles em cima da quantidade de horas realizadas e a cobrança através de frases como “quantas horas trabalhou hoje?”, “porque está no café por tanto tempo?”, “o que você está conversando que não está sentado trabalhando?” deixaram de ter valor, muito pelo contrário, atrapalham mais do que ajudam os profissionais da criação.

Tudo começa pelo fato de que ninguém que trabalha com criação consegue produzir 8 horas por dia, então qualquer estimativa feita em cima de produtividade de 8 horas por dia já estará atrasada antes de ser iniciada. Em média um número razoável para se trabalhar é o de 6 horas por dia.

Por outro lado, mesmo que se trabalhe com a estimativa de 6 horas por dia, cobrar batimento de ponto para controle de tarefas e acompanhar o número de horas realizadas para verificar o andamento de atividades é um grande erro quando se fala de criação, resolução de problemas e trabalho intelectual, horas não representam quase nada, a produtividade e o atingimento de metas é que interessa.

Esqueçamos as horas, ignoramos o atraso de 30 minutos no início do trabalho e a saída 15 minutos mais cedo. O café prolongado com os amigos de trabalho, as trocas de experiências com os pares em um ambiente descontraído e um almoço prolongado podem fazer a mente abrir e os problemas serem resolvidos muito mais facilmente.

Atualmente, o que interessa são objetivos atingidos, as metas alcançadas e um produto realmente pronto para se entregar aos clientes, quantas horas foram gastas para fazer isso ou aquilo, não é o mais importante. Alguns profissionais produzem em 4 horas o que outros produzem em 6, já outros precisam de 7 horas e alguns vão precisar de 10. O que um gerente precisa fazer é conhecer seu time e trabalhar em conjunto com eles na identificação do que é possível realizar em períodos específicos, e combinar com este time a entrega da meta estipulada e se eles gastaram menos ou mais horas não deve ser o mais importante.

A hora passa a ser importante quando as estimativas estão sendo feitas de forma errada e está sendo tudo feito muito mais rápido do que o previsto no período, e o time acaba ficando ocioso, ou o contrário, quando o tempo previsto nunca é suficiente para a realização das atividades e o time fica constantemente tralhando além do horário, se sobrecarregando e se cansando muito com trabalhos longos.

As horas são importantes para as medições de desempenho que comparam prazo e estimativas dadas versus o realizado após o trabalho completado, e devem ser úteis para melhorar as estimativas, como por exemplo: Se o time estiver terminando sempre antes, acrescentar mais pacotes de trabalho tornarão o time mais eficiente nos próximos períodos, ou caso o time esteja terminando sempre depois ou sendo “obrigado” a prolongar suas jornadas de trabalho para terminar seus compromissos, uma retirada de pacotes poderá resolver o problema e ajustar a velocidade do time.

Fora isso, cobrar por que um profissional chegou 15 minutos atrasado, porque está saindo mais cedo, porque está no café mais uma vez ou porque saiu para tomar um ar novamente, é uma forma fraca e antiquada de tentar controlar a produtividade de seu time. Pense melhor sobre isso, busque estabelecer metas e confira se estas metas foram atingidas. Se pensar em cobrar o horário, não cobre o horário, cobre a tarefa que deveria ter sido feita no dia específico e se a mesma está concluída, pouco importa o horário de trabalho, mas muito importa a qualidade do produto pronto.

As únicas atividades que fazem sentido e que se obtém resultados cobrando horas, e que também se aumenta a produção com o aumento das horas trabalhadas, são as atividades braçais ou aquelas ligadas as produções industriais, como é dito por ai, os “apertadores de parafuso”. Atividades ligadas a criação, inovação, pesquisas e investigação de problemas, dificilmente conseguem ser controladas por horas mensais, semanais ou diárias, e cobranças que ofendam o profissional, tais como “está no café de novo?” ou “conversando de novo?”, só tendem a bloquear ainda mais a criação individual e coletiva.

O momento é o de desaprender técnicas antiquadas e que não funcionam mais e se adaptar ao ritmo atual e a era do conhecimento que estamos vivendo. Reinventar a forma de pensar, mudar a forma de controlar, ser flexível para entender a evolução e contribuir para ambientes mais motivadores são fatores de aumento de produtividade, e não o ultrapassado “Stick and Carrot“, ou espeto e cenoura, muito utilizado e conhecido na era industrial.

Dica: Exceções são exceções. Há momentos em que pode ser válido cobrar horas, assim como há leis a exemplo da CLT que devem ser cumpridas, porém, há formas de fazer isso para que os profissionais não sejam penalizados e para que a cobrança de produtividade não seja deturbada e saia como um tiro na culatra.